domingo, 2 de maio de 2010

Trabalho e Perspectivas para Crises de Paradigma na Cultura dos Tenondê Porã

“A globalização não é competição, a globalização é compartilhar com a diferença.”
Timóteo Popyguá

Resumo

Paradigmas são convenções que somos acostumados a vivenciar. Uma crise de paradigma seria uma ruptura com o convencional. Seria a Globalização a responsável pela dinâmica das culturas tradicionais indígenas?
Crise de Paradigmas é uma interpretação. Algo que se fez “verdade” por quanto duraram as evidências que sustentavam tal afirmação. Uma “convenção” insustentada pelo advento das novas ciências e tecnologias. Seria um acontecimento que não sobreviveu como forma única de explicar um micro-cosmo de interpretação.
O trabalho sobre “Crise de Paradigmas, Globalização e Cultura”, teve por finalidade analisar, por meio de uma metodologia científica postada como trabalho pré-campo, as interações entre a Cultura Indígena dos Tenondê Porã e o novo Sistema Mundial de Mercado (também chamado de Globalização).
O trabalho foi realizado por meio de uma análise bibliográfica (vide referências) e visita a uma comunidade indígena da grande São Paulo.
Como resultado, são expostos alguns pontos de reflexão, seguindo a objetividade cientifica (Haguette, 2007) sobre uma “etnogênese” (Barbosa, 1995) cultural.


Introdução

Acredita-se que as mudanças mais radicais, geralmente, são de ordem científica (político, econômico e tecnológico), devido ao esgotamento das explicações oferecidas pelos modelos e teorias tradicionais, que faz com que sejam buscadas novas alternativas que substituam as já desgastadas, (Costa, 2009).
A tão preconizada Modernidade, na realidade, é uma nova época que deve ser caracterizada como aquela que efetivou e instalou na sociedade humana uma ruptura com a tradição que leva à busca, do sujeito pensante, de um novo ponto de partida alternativo para a construção e a justificação do conhecimento, sendo a subjetividade o termo dominante da relação sujeito/objeto (Costa, 2009).
Os denominados “efeitos maléficos” trazidos por tais crises, de forma direta, reportam-se ao próprio sentido ontológico, pois são direcionados para todos os humanos que hoje existem e se desenvolvem nesse mundo tumultuado, transformados em um mero produto derivado dela.
Um dos atos e efeitos das crises de paradigmas é a “Globalização”. Este é um processo de integração dos “meios domésticos” em um grande maciço global. Entende-se “meios domésticos” o produto criado afim de padronização por cunho econômico. A questão seria: o que tal processo pode afetar na estrutura e dinâmica social? A cultura de um povo pode ser preservada em meio a essa tendência preconizada pelas referências?


A Globalização

A crise de paradigmas moderna iniciou-se a partir das últimas décadas do século XX, quando o mundo e toda a humanidade foram atingidos por grandes e profundas transformações no campo científico, com o avanço das telecomunicações e das novas tecnologias. Tais avanços científicos, no entanto, foram assimilados por determinado tipo de ideologia, que se apossou desses novos instrumentos e passou a utilizá-los com o único intuito: de manipular as pessoas e suas vidas, induzindo-as ao consumo e materialismo, tornando-se a principal responsável pela grave crise ética e moral que vem imperando no mundo humano.
Define-se “globalização” desde, aproximadamente, 1980. Originalmente a idéia era sustentada por setores que defendiam a maior participação de países em desenvolvimento (cita-se os NICs Latino Americanos e Asiático) em uma economia administrada internacionalmente. Foi e meados da década de 1990 que a “globalização” passou a ser empregada em dois sentidos: descrevendo a integração da economia mundial e prescrevendo uma estratégia de “desenvolvimento baseado na rápida integração com a economia”. O segundo sendo a reflexão do trabalho objetivado na disciplina de Estrutura e Dinâmica Social.
A globalização pode possuir distintos significados por ser um “conceito”: globalização como época histórica, globalização como um fenômeno sociológico de compressão do espaço e tempo, globalização como hegemonia dos valores liberais e globalização como fenômeno sócio-econômico.
Em um contexto geral, define-se como “processo de integração de mercados domésticos, no processo de formação de um mercado mundial integrado” (Prado, 2001). O fenômeno pode ser dividido em três processos profundamente interligados com a definição e compreensão do trabalho proposto. São eles: Globalização comercial, Globalização Financeira e Globalização Produtiva. Tais processos são desenvolvidos por grandes empresas em meados do século passado em diversificados mercados.
Na década de 1950 as empresas norte-americanas foram as que mais rapidamente expandiram-se para o exterior. A partir da década de 1960 as empresas européias começam a replicar a experiência das concorrentes norte americanas. Na década de 1970as empresas japonesas começaram a participar ativamente da concorrência global, competindo com grandes exportadoras, mas ocupando regiões comerciais de destaque na Ásia e em outras regiões do mundo.
Foram as empresas japonesas que contribuíram para alterar as características da competição global em meados de 1980 com a grande participação comercial mercadológica. Tais exportações eram possíveis, pois os produtos finais não vinham apenas do Japão, mas eram realizadas a partir de várias bases produtivas no Leste-Asiático. A partir dessa ocasião, a identificação da região onde “produto” fora fabricado deixou de ser referência, e deu lugar ao nome da “empresa” que garantia a qualidade.
Os modelos de integração apresentados levaram ao surgimento de um novo padrão de investimento internacional. Este se originou principalmente da necessidade das empresas ocuparem espaços estratégicos nos “grandes mercados”, beneficiando-se das vantagens locacionais para produção e para a distribuição dos produtos.


Nosso Cotidiano Global

Sofrer a influência da nova ordem mundial e dos efeitos globalização não é um mérito somente das transnacionais, multinacionais ou mesmo dos detentores do capital mundial, a globalização está no cotidiano das populações do mundo inteiro.
Fazer compras pela internet é um fato novo, mas que passou a ser comum nos grandes centros, então com um computador conectado a internet e um cartão de crédito na mão, em apenas cinco dias úteis ou mesmo antes, sua mercadoria estará em sua casa. Em tempo de globalização fazer amigos ou mesmo encontrar um namorado só basta algumas horas na frente do computador ou ter um celular e você estará integrado a algum site de relacionamentos.
É interessante como essas tecnologias se modificam e aperfeiçoam rápido, mas as pessoas precisam se aperfeiçoar junto para não ficar para traz no mercado de trabalho, hoje é preciso ter noções de informática para se trabalhar em várias áreas e se percebe que a cada ano, as pessoas têm mais acesso à informática, a internet, por exemplo, através dos programas de inclusão digital. Celulares, computadores, televisão digital, máquina fotográfica digital, MP3, MP4, MP7 e vários outros chips têm feito parte da vida de todos, uma explicação para isso seria a baixa nos preços dessas mercadorias nas lojas, dessa forma a acessibilidade é aumentada.
Do ponto de vista dos direitos humanos, um aspecto positivo é a força de comunicação que age como um despertador da consciência cívica e política internacional. Muitos casos de violação dos direitos humanos são hoje resolvidos graças à denúncia midiática. A comunicação social tem aqui um lugar de relevo, por ser o fator de maior pressão a nível governamental na tentativa de correção ou intervenção em situações de ameaça desses mesmos direitos. Do ponto de vista cultural, a troca de informação aumentou, e causa na aldeia global um impacto negativo, pois leva a massificação, a stadunização e a uniformização cultural, ou seja, causa a perda da identidade social em diversos casos.


Cultura: um conceito etnológico
Conceitos Clássicos sobre Cultura

A origem do ato de se “culturalizar” é remota. Data desde o surgimento da comunicação como ferramenta de sobrevivência e melhoria da adaptabilidade do organismo ao meio em que se insere.
Heródoto, século V antes de Cristo, já se preocupava com o tema quando escreveu sobre os Lícios: “Eles têm um costume singular pelo qual diferem de todas as nações do mundo.” Tomam nome da mãe e não do pai difere dos costumes de outras partes e de outros povos.
Seguindo um processo de compreensão das diversidades sociais, Montaigne (1533-1572) escreveu: “na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra.”
Como exemplo da diversidade segue o exemplo. A carne de vaca é proibida aos hindus, da mesma forma que a de porco é interditada aos muçulmanos. O nudismo é uma prática normal em certas partes da Europa enquanto em alguns países islâmicos, sob orientação xiita, seria uma assinatura às severas punições apenas pelo fato de mostrar o semblante em público.


Conceito de Culturas

Edward Tylor (1832-1917) confere ao significado de Cultura “um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
Porém historicamente já havia a preocupação com tal definição. John Locke (1632-1704) propõe, ao escrever “Ensaio Acerca do Entendimento Humano”, que a mente humana não é mais do que uma caixa vazia em detrimento do nascimento. Os hábitos eram adquiridos por meio de um processo denominado endoculturação.
Já Marvin Harris (1969) completa o pensamente de Locke: “Nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas, uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento”
Jacques Turgot (1727-1781) sobre o tema, afirma: “...o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias erudita, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para seus descendentes como uma herança sempre crescente.”
O que diferencia o ser humano dos outros organismos multicelulares é a possibilidade de comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos capazes de tornar mais eficiente a homeostase em relação ao ambiente biológico.
“As instituições humanas, como grupos definidos, são tão distintamente estratificadas quanto a terra que o homem vive”. Tais diferenças se sucedem em séries uniformimente sobre o globo, independente da origem ou linguagem. Tal acontecimento é dirigido por condições do ambiente e do fator histórico. Tal segundo Roque Laraia.
Boas escreve sobre o citado acima, dotando a conseqüência como fato de que cada cultura segue caminhos particulares devido as tais “fatores históricos” acumulados.
“O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam”. Afirma Kroeber.
Abaixo segue um apanhado resumido dos estudos de Kroeber que nos auxiliam na compreensão do tema:
a) A cultura é mais que uma herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações.
b) O homem age de acordo com os seus padrões culturais.
c) A cultura é um meio de adaptação aos diferentes ambiente ecológicos.Molda as ferramentas para suportar a pressão que o meio exerce.
d) O homem é capaz de transpassar as barreiras do ambiente devido a endoculturação.
e) Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado adquirido do que as ferramentas geneticamente transmitidas.
f) A cultura é um processo cumulativo resultante das experiências anteriores.
A comunicação e a maior variável do processo cultural. A linguagem é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o homem não tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral.

Conceitos Modernos sobre Cultura

Após diversas reformulações sobre conceitos de Cultura, os antropólogos modernos sintetizaram aquilo que se acredita, hoje, como sendo uma evidência de grande peso em direção a uma verdade menos refutável. E segue:
a) Culturas são sistemas (de padrões e comportamentos socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Tal modo de vida inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas etc.
b) A mudança cultural é primordialmente um processo de adaptação equivalente à seleção natural.
c) A tecnologia, economia de subsistência e os elementos da organização social diretamente ligada à produção constituem o domínio mais adaptativo da cultura.
d) Os componentes ideológicos dos sistemas culturais podem ter conseqüências adaptativas no controle da população, da subsistência, da manutenção do ecossistema e outros.
Estudar a cultura passa a ser um estudo de símbolos partilhados pelos membros dessa cultura.


A Cultura sob a Visão Subjetiva

Ruth Benedict escreveu em “O Crisântemo e a Espada” que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Portadores de culturas diferentes usam lentes diversas e, deste modo, possuem visões diferentes e desencontradas sobre os entes naturais.
A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria de uma dada comunidade.
O fato de que o homem vê o homem sob uma dada perspectiva de sua cultura, tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Essa tendência, etnocentrismo, é responsável em muitos casos extremos pela ocorrência de inúmeros conflitos sociais. O etnocentrismo é universal.
Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.

A Cultura Indígena: histórias e lutas

O Brasil foi “descoberto” pelos europeus há cinco séculos, digo desta maneira, pois o Brasil não era uma terra desabitada, estudos indicam que a ocupação das terras brasileira datam de 11 mil anos atrás (FUNAI). A vinda dos europeus quase dizimou as populações indígenas, fosse pela ação de armas, guerras ou por germes trazidos dos países europeus, isso fez com que uma população que estava na casa dos milhões passa-se aos 460 mil índios que hoje habitam o Brasil (FUNAI).
A colonização feita pelos europeus sobre os índios foi da seguinte maneira: primeiro foram cativados para o trabalho de exploração do pau Brasil em troca de objetos que exerciam fascínio sobre eles; depois veio a escravização e a tentativa de fazê-los trabalhar na lavoura da cana de açúcar; suas terras foram sendo tomadas e os que não se submeteram ao colonizador e não conseguiram fugir Brasil adentro, morreram após lutar pela sua terra e pela liberdade (TV Escola). Os índios que conseguiram sobreviver eram descaracterizados pela catequese feita pelos jesuítas e da própria convivência com o homem branco. Com isso muitos foram perdendo sua identidade cultural substituindo suas crenças e costumes pelos valores dos colonizadores (Portal São Francisco).
Atualmente, órgãos governamentais como a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a FUNAI (Fundação Nacional dos Índios) que, respectivamente, promovem e protegem a saúde dos povos indígenas e demarcar, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas, estimular o desenvolvimento de estudos e levantamentos sobre os grupos indígenas.
Com a demarcação de terras as comunidades indígenas passam a ter seus direitos reconhecidos pelo governo brasileiro, entretanto a quantidade de terra “oferecida” pela FUNAI torna-se pequena quando é levado em conta as atividades indígenas, como a pesca, a caça e os movimentos entre tribos. Todavia, essa demarcação de terras por muitas vezes fica “apenas no papel”, pois as mesmas são invadidas por garimpeiros, posseiros, madereiros, etc., e a comunidade morta por esses invasores (TV Escola).
Com o aumento da população brasileira, as cidades estão cada vez mais próximas as terras indígenas, isso ocorre com as aldeias Tendondé Porã e Krukutu que ficam no extremo sul de São Paulo. Alguns estudos dizem que a população indígena que vive em ambiente urbano chega 350 mil.(MARKUS, 2008).
Nas cidades os índios encontram dificuldades e desafios, como a discriminação por seu modo de viver. Apesar dessa proximidade com a cidade eles mantêm ao máximo a cultura através da linguagem, de histórias, do artesanato, da dança e do cuidado com a saúde e a natureza (MARKUS, 2008).


A Globalização e a Etnogênese

As definições políticas induzem a generalização de que a globalização implicaria em um processo de homogeneização cultural global, onde as diferenças seriam niveladas por uma espécie de “ética liberal”, responsável pela domesticação de determinadas práticas culturais consideradas condenáveis pelo estabelecimento da “nova ordem mundial”. Fala-se em “imperialismo cultural” como formas disfarçadas de uma espécie de um “Estadunização Mundial”. A verdade é que muitas prática culturais ainda são intensamente seguida entre diversos grupos étnicos atuais, com toda a força de uma tradição local (Barbosa 1995).
O movimento de reafirmação étnica de grupos indígenas locais é acompanhado de um intenso processo de reelaboração cultural com base na modernização. Trata-se de uma luta simbólica pelo reconhecimento étnico que vem sendo objeto da atenção de antropólogos, historiadores, do público em geral, bem como das autoridades responsáveis, tanto pela forma com que vem se desenvolvendo este processo, como pelo que representa no sentido de romper com alguns pressupostos e tradições estabelecidas.
Alavancados por uma série de mudanças ocorridas na política indigenista nacional, sobretudo a partir da década de 70 (promulgação da Lei 6001 de dezembro de 1973 que se tornou conhecida como "Estatuto do Índio"; a criação do Conselho Indigenista Missionário (órgão ligado à CNBB) e da União das Nações Indígenas - UNI em 1980), vários grupos que até então eram designados pela população regional como "caboclos" passaram a reivindicar ao órgão oficial de assistência às populações indígenas - FUNAI - o reconhecimento como grupo indígena com direitos constitucionais estabelecidos.
Uma série de grupos de diversos Estados iniciou, muitas vezes auxiliados por agentes e agências ligadas à causa indígena, um processo de retomada de práticas tidas como “tradicionais”, como a produção artesanal; práticas rituais e, principalmente, a utilização de um idioma próprio ou de um vocabulário com termos específicos para designar determinados itens de sua cultura material. Este movimento resulta de um intenso intercâmbio cultural, principalmente no campo ritual - entendido como sistema de práticas, representações e de objetos - que se deu paralelamente ao agenciamento político na resolução de seus problemas, sobretudo fundiários (Barbosa, 1995).


Objetivo/Justificativa

O trabalho aqui exposto tem, por objetivo, analisar os aspectos de interface entre a comunidade indígena Tenondê Porã e a sobrevivência da cultura dessa tribo, devido ao exposto sobre a temática “globalização”, em detrimento de ser uma aldeia localizada próximo ao centro da maior metrópole de Brasil.

Metodologia

O trabalho consistiu de uma análise bibliográfica sobre os temas “globalização”, “cultura”, “história dos processos indigenistas”, “paradigmas” (descritas na introdução do trabalho) e fora arrematado, na fase prática (seguindo as recomendações referentes à pesquisas de campo com cunho científico), por meio de uma visita à aldeia Tenondê Porã na região de Parelheiros na Grande São Paulo.

Sobre a entrevista:
A entrevista é um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informação por parte do outro, o entrevistado. As informações são obtidas através de um roteiro que enfatize a problemática e deve ser seguido com cautela devido a possíveis variáveis que serão descritos ao longo deste texto.
O processo de interação para que haja ocorrência de uma entrevista formal contém quatro componentes que são resumidamente explicitados:
a) O entrevistador
b) O entrevistado
c) A situação da entrevista
d) O roteiro da entrevista
Devem-se minimizar as possibilidades de desvios através de mecanismos de controle que poderão ser vinculados (vício amostral). Nenhum dos elementos supracitados faz sentido se desvinculados de um sistema que os contenha.
Além dos elementos citados, deve-se tomar nota dos seguintes itens:
a) A objetividade deve ser perseguida
b) Procurar a leitura do real (leitura epistemológica também chamada de “visão weberiana”
Em uma entrevista, a fonte de possíveis desvios se localiza tanto nos fatores externos ao observador (roteiro, informante e entrevistado) quanto na situação interacional entre o entrevistador e o entrevistado que se originam na pessoa do pesquisador que pode exercer, no universo de uma entrevista, o papel de coator seletivo ou coator omitivo dos dados.
Com relação aos desvios do informante, é preciso distinguir, entre as informações objetivas e subjetivas, as que foram omitidas durante a entrevista. Ambas são importantes. Deve-se ter em mente que tais informações são percepções do falante, do entrevistado.
As informações “subjetivas” podem ser fruto do estado emocional, das opiniões, das atitudes e dos valores que devem ser confrontados ou complementados com comportamentos passados ou expressões não verbais.
O ponto chave no controle de qualidade dos dados em todos os casos situa-se no uso sistemático de dados de outras fontes relacionadas com o fato observado a fim de que se possa analisar a consistência das informações e sua validade.
Os aspectos que podem interferir na qualidade dos dados por parte do informante são citados:
a) Motivos ulteriores (potenciais de influência em situações futuras);
b) Quebra de espontaneidade;
c) Desejo de agradar o entrevistador;
d) Fatores idiossincráticos (fatores ocorridos no intervalo das entrevistas).
Alguns fatores podem influenciar no ato da entrevista, pois podem causar desconforto ao entrevistado. Seguem descritas:
1) As entrevistas podem representar situações psicológicas novas ao entrevistador. Assim ele pode não perceber como se “comportar objetivamente”.
2) Alguns entrevistados podem não gostar da natureza “autoritária” do relacionamento entre ele e o entrevistador.
3) Alguns entrevistados podem “perceber” a entrevista como uma armadilha para “fazê-los falar” sobre coisas e pessoas que podem comprometê-lo.
4) Alguns pesquisadores (principalmente os vinculados às universidades) são percebidos como indivíduos sofisticados e de alta educação, o que pode gerar uma “reação de defesa” por parte do entrevistado.
Além das “falhas por cometimento”, devem-se considerar as “falhas por omissão” que podem ocorrer tanto da parte do entrevistador quanto de entrevistado. As omissões são percebidas caso haja comparações com outros resultados de entrevistas já discutidas e apuradas na literatura.

Tendo em vista as referências já citadas, segue o questionário aplicado:

I. Qual o número atual de habitantes da aldeia?
Nessa questão, procuramos nos informar sobre os “números” atuais do povo indígena da região em análise. Devemos no interagir mais informalmente para burlar as conseqüências de uma entrevista onde o entrevistado pode se enxergar acuado pelo “questionamento-tabu” (Vide texto postado no blog, sobre tais conseqüências).

II. Há escola e posto de saúde na aldeia?
É necessário nos informar sobre os aspectos educacionais da tribo. Saber sobre as metodologias aplicadas às crianças. Na segunda parte da questão, gostaríamos nos informar sobre a infraestrutura utilizada na aldeia.

III. O que é ensinado, da cultura local, na escola Guarani?
Aqui, procuramos nos informar do aspecto conteudístico que são ensinados às crianças. Almejamos nos orientar a respeito dos “símbolos” culturais. Eles são repassados em escola? A língua é preservada no ato da educação? É motivado o prosseguimento dos estudos?
IV. Em entrevista divulgada na mídia, o representante da aldeia cita que “globalização é compartilhar com diferença!”. Qual o significado de tal afirmação sob a visão do povo Tenondé Porã?
Gostaria de podermos ficar a par do conceito de “globalização” vinculado por eles em entrevista no youtube. Se conseguirmos compreender objetivamente o conceito, talvez, conseguiremos questionar outros tópicos ainda sobre este assunto.

V. Qual a melhor e a pior qualidade da “globalização”?
Tal questionamento pode orçar novas evidências ainda sobre a questão anterior. É questão de análise posterior!

VI. É possível manter as raízes da tradição Guarani em um mundo “globalizado”?
Outra questão para orçar evidências. Tais questões são passíveis de interpretação. Depois é necessário passar por um crivo histórico etnológico. Será necessária uma análise histórica dos povos Guaranis. Vamos estudar o caso do “fator histórico” que as gerações guaranis foram submetidas. Não é possível inferir “modernidade” ou “globalização” se a natureza do povo Guarani for de adaptação cultural forte ou super conservacionista. Os extremos devem ser descartados caso haja descrição literária do mesmo.

VII. Faz-se uso de televisão na aldeia? Qual a representação da “televisão” no cotidiano indígena? Modernidade ou globalização?
Aqui, desejamos rever o tópico levantado em sala de aula: Modernidade x Globalização. Vamos analisar, segundo a aldeia Tenondé Porã, qual é a visão sobre o tema. É melhor registrar por meio do depoimento dos índios para evitarmos “desvios” com relação à visão de cunho “senso-comum”.

VIII. Qual a perspectiva de futuro para o povo Tenondé Porã?
Gostaríamos de saber as perspectivas do povo Tenondé Porã. Saber os caminhos que oferecem às crianças: o futuro da aldeia e a preservação da cultura sejam eles por meio da língua, das crenças religiosas, organizações políticas, educação das crianças etc.


Resultados

Por meio das respostas dadas no ato da entrevista, seguem as anotações realizadas:

De acordo com a entrevista que fizemos com o coordenador das visitas a aldeia Tenondê Porã, a mesma possui cerca de 26 hectares para mais de 800 pessoas, com 110 casas de alvenaria que foram feitas a partir de uma parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), entretanto ainda é possível ver algumas casas feitas a partir de emaranhado de barro e madeira (pau a pique).
Nas terras da aldeia Tenondê Porã ainda há o Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI) para crianças de até 6 anos com monitores indígenas que apóiam sua cultura através de danças, cantos, lendas, artesanatos, historias, etc. e também há uma escola estadual para o estudo do 1º e 2º grau, sendo que do 1º ao 4º ano as crianças possuem professores indígenas e do 5º ano em diante com professores não indígenas (jurúas). Há um posto de saúde que funciona de segunda-feira a sexta-feira; segundo os próprios índios, os médicos respeitam a cultura deles, tanto que quando um índio adoece primeiramente é levado ao pajé (curandeiro da aldeia) e apenas se o mesmo permanecer doente é que ele é levado ao posto de saúde.
Com as escolas dentro da aldeia alguns índios passaram a almejar entrar na faculdade, mas os mais velhos dizem que eles não devem se esquecer de sua cultura e de onde vieram e, também, devem voltar à aldeia para que possam ajudar a comunidade.
Os órgãos governamentais como a Fundação Nacional dos Índios (FUNAI) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) não são tão presentes quanto se era esperado. Segundo Elísio, a FUNAI - pouco presente na aldeia - lida apenas com a demarcação de terras e com o sensu da aldeia, já a FUNASA - muito mais presente na aldeia - ajuda na medicação, na contratação de equipes tanto de médicos quanto de professores/monitores, no saneamento básico, na reforma das casas, na água encanada, na luz, etc. Apesar dessa modernização que chega à aldeia, os índios preservam a sua cultura há 500 anos desde a chamada “descoberta” do Brasil.
Atualmente, a aldeia tenta aumentar a área de seu território, mas eles estão encontrando problemas em relação a isso, pois, atualmente, há muitas chácaras ao redor da aldeia, sendo que há 20 anos elas não existiam. Talvez, ocorra a compra de um terreno para formar uma nova aldeia, mas isso é apenas uma possibilidade.
A aldeia mantém contato com outras aldeias através de trilhas feitas na mata, tanto que há uma trilha que os leva de Parelheiros a Itanhaém (baixada santista) e segundo os entrevistados, essa trilha é feita regularmente até com turistas com disposição para a caminhada de 6 horas.

Discussões

A visita à aldeia nos mostrou que as origens culturas da tribo são conservadas por meio da linguagem Tupi-Guarani, das danças, dos rituais religiosos das conservações históricas por meio da linguagem oral e da educação escolar com bases na tradição Tupi.
A questão que tange a presença de celulares (de alguns líderes da aldeia), utilização de roupas, de rádio, televisão e computador são em detrimento da modernização pelo qual a aldeia passou, principalmente após a década de 80 com a criação da FUNASA e FUNAI.
É apontado que tal modernização pode estar presente na aldeia (como uso de roupas com marcas conhecidas e os celulares de empresas de telefonia), mas não interfere na condição de “preservação da cultura”. Os habitantes da aldeia recebem doações de roupas de entidades filantrópicas. Os telefones são cedidos por meio da FUNAI. As escolas são mantidas pelo Estado. A alimentação é cedida pela FUNAI. Os pagamentos dos funcionários que trabalham para o funcionamento da escola (limpeza, merenda escolar, professores de “Cultura Guarani”) também vêm do governo Federal.
As origens culturais da tribo, como pode se perceber, não são alterados em decorrência da “globalização de mercado”. Outros fatores, como a modernização, podem influenciar no comportamento primitivo, mas não altera, como análise mais profunda, as fundamentações Guaranis.
A questão da terra é inerente à ocupação metropolitana. O crescimento da metrópole ocupa as bordas da aldeia, por meio de um processo de urbanização que é característico de qualquer grande centro em desenvolvimento. As terras que são ocupadas pela tribo, já se localizavam em um grande centro, ainda que nascente, desde o início do século XX.
As ocupações das casas ao redor das terras da aldeia são frutos das expansões da disponibilidade de um elevado número de empregos em SP até 1980; porém, tal fato não pode ser evidenciado pela crise de paradigma da questão indígena; pois, caça e pesca ainda podem ser realizadas (como ocorre na Serra do Mar) e alguns produtos podem ser plantados e consumidos dentro da aldeia.


Conclusão

Na pesquisa prévia para o projeto foi verificada a existência da Globalização na aldeia Tenondê Porã, mas que não compromete de forma deletéria a questão cultural. A questão da modernização é, ainda mais, presente na aldeia, pode-se verificá-la por meio do uso de celulares, computadores e até mesmo práticas educacionais modernas. Entretanto, como toda cultura, a cultura indígena é dinâmica, fluida e móvel formando uma cultura híbrida, ou seja, com características indígenas e ocidentais, apesar de a indígena se sobrepor a ocidental.


Proposta para um estudo posterior

Devido ao tempo de conclusão da disciplina não foi possível determinar se houve realmente o processo deletério da globalização (aquela que altera de forma definitiva os padrões culturais da tribo) ou não, dentro da aldeia Tenondê Porá. Portanto, é recomendável que seja feita entrevistas com diversas pessoas da aldeia, além de (se possível) conviver por certo período com a aldeia para poder observar seu dia-a-dia e seus costumes e verificar em que situações a cultura ocidental é mais presente e em qual situação a cultura indígena é mais presente.

Referências Bibliográficas

Costa, L. A. F., Afinal, o que significa uma crise de paradigmas?. Disponível em .

Fukuyama, F., The End of History and The Last Man, Free Press, New York, 1992.

FUNAI. Disponível em: < http://www.funai.gov.br/>.

Haguette, T.M.F., Metodologias Qualitativas na Sociologia, Editora Vozes, ed. 11, p.86-105, Petrópolis-RJ, 2007.

Hungtinton, S.P., The Third Wave: Democratization in the Late Twentieth Century, University of Oklahoma Press, Oklahoma, 1991.

Laraia, R.B., Cultura um conceito antropológico, Ed. Zahar, 19º ed., Rio de Janeiro, 2006.

MARKUS, Cledes. Povos indígenas em espaços urbanos. Editora Oikos, 2008.

Popyguá, T. V., Em vez de desenvolvimento, envolvimento. Disponível em: .

Prado, L.C.D., Globalização: Notas Sobre um Conceito Controverso, Rio de Janeiro, 2001.

Ramos, J. M. R., Globalização e ética. Disponível em: .

Santos, M., Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal, p. 17-21, Ed. Record, São Paulo, 2000.

TV Escola–Pluralidade Cultural – Índios no Brasil. Disponível em: .



Por:
Ana Almeida Torres
Bianka Nani Venturelli
Camila Miranda de Souza
Leandro Pereira Tosta
Melissa Lemos dos Santos
Nathalie Minako Ito

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não concordo com as Considerações feitas pela Bianca!

Leandro Pereira Tosta
email: leandropereiratosta@gmail.com


Olá meus caros,

Analisemos as referências bibliográficas! Nela podemos diagnosticar as definições de "crises de paradigmas", "cultura", "globalização" e "processos de massificação.
"Existem cerca de 460 mil índios no Brasil", "cerca de 350 mil vivem em centros urbanos ou próximos deles. "Apesar dessa proximidade com a cidade, eles mantêm ao máximo a cultura através da linguagem, da história, do artesanato, da dança e do cuidado com a saúde e a natureza (Maukus, 2008)".
Desse modo, creio que haja sim a globalização também presente na aldeia indígena, mas vejo possibilidade de afirmar que a globalização rompe com os paradigmas da aldeia Tenondê Porã, diferente do afirmado pela colega Bianka.

Conclusão Final!

Pode-se analisar que a existência da Globalização, ainda fenômeno mundial, e tendo em mente as definições de crises de paradigmas, não é responsável pela “crise de paradigmas” na aldeia Tenondê Porã.

A questão da modernização é presente na aldeia. Pode-se verificá-la por meio do uso de celulares, computadores e até mesmo práticas educacionais modernas.

As dinâmicas sociais estão presentes na aldeia, porem não se deve a “globalização” o fato principal das mesmas.

A própria dinâmica dos residentes da aldeia debastam o desenvolvimento original: construção de casas de alvenaria, escolas com professores contratados, uso de vestimentas etc. Porém a essência dos cultos, danças e língua são preservados, o que condiz com as definições de cultura.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Algumas considerações e conclusões

Algumas Considerações Finais

Por Ana Torres

As origens culturais da tribo são conservadas por meio da linguagem, danças, rituais religiosos, dos acontecimentos históricos falados e da educação baseada na tradição Tupi. O uso de celulares por alguns líderes da aldeia, vestimenta, rádio, televisão e internet mostram a modernização pelo qual a aldeia passou, intensificada com a criação da FUNASA e FUNAI, o que não impediu a “preservação da cultura”.

Por um lado, há uma percepção de que a tradição indígena e suas origens culturais não são alteradas em decorrência da “globalização de mercado”. A modernização pode influenciar o comportamento primitivo, mas não alterar as fundamentações Guaranis. Um outro ponto de vista aposta no fenômeno da globalização como grande influente, que implicaria na atuação de um processo de homogeneização cultural global, com uma nivelação de diferenças leve e disfarçada.

A questão modernização é presente na aldeia – há, por exemplo o uso de celulares, computadores e até mesmo práticas educacionais modernas. Há, entretanto, uma tentativa de conciliação da tecnologia inovadora com a mais tradicional cultura preservada até os dias de hoje.


Conclusão

Por Bianka Nani

Portanto, uma conseqüência direta da crise de paradigmas é a “globalização”. Esta, como visto, originou-se principalmente da necessidade das empresas ocuparem espaços estratégicos nos “grandes mercados”, se beneficiando das vantagens locacionais para produção e distribuição dos produtos.

A globalização está presente no cotidiano das populações do mundo inteiro, e essa tendência foi o que pretendíamos analisar na aldeia Tenondê Porã.

Dessa forma, percebe-se que do ponto de vista dos direitos humanos, um aspecto positivo seria a comunicação, já que atualmente muitos casos de violação dos direitos humanos são resolvidos através de denúncias mediáticas. Podemos citar o fato dos índios da aldeia possuírem a pretensão de aumentar o espaço para o cultivo e a sobrevivência.

No entanto, do ponto de vista cultural, a troca de informação aumentou e causa na aldeia um impacto negativo, pois acarreta na massificação, standardização e a uniformização cultural, ou seja, provoca a perda da identidade cultural.

Apesar disso, observamos o esforço que os moradores da aldeia possuem para manter alguns traços da cultura original e passá-la para as gerações posteriores, apesar da globalização que pode ser vista pelo uso da internet e de e-mails para a comunicação com visitantes, e ainda eles receberem turistas estrangeiros para conhecer a região. Além da modernização, que é uma forma de adaptação com as novas condições e estrutura de vida em um meio urbanizado.

Outro fato que podemos aplicar ao nosso cotidiano, seria as inovações tecnológicas, sociais, políticas e econômicas que estão crescendo num ritmo cada vez mais acelerado e nós precisamos acompanhar esse crescimento para não tornarmo-nos obsoletos, e isso é inclusive um grande problema na proposta de grade curricular nas universidades.

A Globalização e a Etnogênese

por Leandro Pereira Tosta

email: leandropereiratosta@gmail.com

As definições políticas induzem a generalização de que a globalização implicaria em um processo de homogeneização cultural global, onde as diferenças seriam niveladas por uma espécie de “ética liberal”, responsável pela domesticação de determinadas práticas culturais consideradas condenáveis pelo estabelecimento da “nova ordem mundial”. Fala-se em “imperialismo cultural” como formas disfarçadas de uma espécie de um “Estadunização Mundial”. A verdade é que muitas prática culturais ainda são intensamente seguida entre diversos grupos étnicos atuais, com toda a força de uma tradição local (Barbosa 1995). Denomina-se tal processo de “Etnogênese”.

O movimento de reafirmação étnica de grupos indígenas locais é acompanhado de um intenso processo de reelaboração cultural com base na modernização. Trata-se de uma luta simbólica pelo reconhecimento étnico que vem sendo objeto da atenção de antropólogos, historiadores, do público em geral, bem como das autoridades responsáveis, tanto pela forma com que vem se desenvolvendo este processo, como pelo que representa no sentido de romper com alguns pressupostos e tradições estabelecidas.

Alavancados por uma série de mudanças ocorridas na política indigenista nacional, sobretudo a partir da década de 70 (promulgação da Lei 6001 de dezembro de 1973 que se tornou conhecida como "Estatuto do Índio"; a criação do Conselho Indigenista Missionário (órgão ligado à CNBB) e da União das Nações Indígenas - UNI em 1980), vários grupos que até então eram designados pela população regional como

"caboclos" passaram a reivindicar ao órgão oficial de assistência às populações indígenas - FUNAI - o reconhecimento como grupo indígena com direitos constitucionais estabelecidos.

Uma série de grupos de diversos Estados iniciou, muitas vezes auxiliados por agentes e agências ligadas à causa indígena, um processo de retomada de práticas tidas como “tradicionais”, como a produção artesanal; práticas rituais e, principalmente, a utilização de um idioma próprio ou de um vocabulário com termos específicos para designar determinados itens de sua cultura material. Este movimento resulta de um intenso intercâmbio cultural, principalmente no campo ritual - entendido como sistema de práticas, representações e de objetos - que se deu paralelamente ao agenciamento político na resolução de seus problemas, sobretudo fundiários (Barbosa, 1995).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Blogs da turma!

Olá pessoal!

Estive observando o blog do pessoal e vou fazer uma resumida aqui do que esta acontecendo!!

=)


Como iremos comentar o Blog das Enchentes quarta-feira, não colocarei aqui por enquanto as minha observações, logo após a apresentação eu posto!



Blog – Divulgação Científica

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)

- Membros do grupo: Não foi localizado caracterização dos membros da equipe;
- Total de posts no Blog: 30 posts
- Frequência de posts: A frequência com que os posts são feitos é grande, chegando a ter mais que um por semana;
- Por não haver especificação dos membros do grupo não é possível afirmar que todos os integrantes do grupo postam.


2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes

- Há a exposição de diferentes fontes sobre o assunto;
- Citaram o Sabina, local muito interessante destinado a divulgação científica a todos os públicos;
- Revistas destinadas a divulgação científica;
- Blog bem interativo e organizado;
- Mostram diferentes meios de divulgação científica.


3. Sugestões

- Especificar os integrantes do grupo;
- Colocar em prática o sugerido pelo grupo, o que seria divulgar nas escolas estações de ciências (como o Sabina por exemplo)
- Não apenas divulgar mas mostrar para as pessoas que a ciência não é algo inacessível e que todos podem praticá-la, direta ou indiretamente.
- .




Blog – Elitização do Ensino Público

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)

Membros do grupo: Lais Bertunes, Igor Rando, Vitor Carnietto, Lucas, Felipe Passoto Teixeira Felix, Denise Volponi.
Total de posts no Blog: 25 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta, tendo no mínimo um post a cada 4/5 dias;
Há a participação de todos os membros no blog.

2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes

Várias fontes de pesquisas são citadas no blog;
Falam sobre a Situação do Ensino Brasileiro;
Educação a distância é citada no blog;
O ingresso nas universidades;
Os problemas da rede pública de ensino são citadas;
Investimentos públicos na educação;
Privatizações;
Vários problemas na educação na brasileira são citadas no blog a partir de pontos de vista diferente, o que dá um diferencial ao blog, além da opinião dos integrantes do grupo.

3. Sugestões

Pesquisar a realidade dos alunos da UFABC e verificar se há disparidades na aprendizagem após o ingresso na universidade, ou seja, se há diferenças em relação as notas dos alunos cotistas e não cotistas. Além de informar dados sobre os alunos.

Blog – Impactos causados devido a construção da UFABC

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)

Membros do grupo: Smiley, Leonardo, Laura, Emanuela, Marcelo, Yuri F
Total de posts no Blog: 15 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é média
Há a participação de todos os membros no blog.

2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes

Por não haver muitas fontes falando sobre o assunto o grupo acaba que por utilizar de fontes mais “alternativas” mas não de menor qualidade;
Citam a valorização imobiliária que ocorreu na região com a criação da UFABC;
Debate sobre as obras da UFABC foi muito bem relatado no Blog;
Blog muito dinâmico e interativo.

3. Sugestões
Conversar com a comunidade acadêmica sobre os impactos que a construção da UFABC causa aos envolvidos com a UFABC;
Conversar com a comunidade local e não acadêmica sobre os impactos que a universidade causou na região.

Blog – Mecanização x Trabalhadores

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)

Membros do grupo: não há especificação de membros
Total de posts no Blog: 28 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Por não haver especificação de membros da equipe não podemos afirmar que há a participação de todos os membros da equipe

2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes
Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Visão imparcial nos posts
Diferentes pontos de vista são abordados no blog, o que da a sensação de imparcialidade e estimula o pensamento critico do leitor;
Roteiro de perguntas para a entrevista muito bem feito, estimulando a curiosidade do leitor.

3. Sugestões
Identificar os membros da equipe no blog;
Colocar mais vídeos e imagens para equilibrar o blog pois esta com muitos textos, textos interessantíssimos porém longos o que pode causar o desinteresse do leitor.

Blog – Muro: Conflito Social

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)
Membros do grupo: não há especificação de membros
Total de posts no Blog: 24 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Por não haver especificação de membros da equipe não podemos afirmar que há a participação de todos os membros da equipe

2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes

Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Tipos de muros;
Significados de muros;
Muros “invisíveis”;
Blog interativo e de fácil leitura.

3. Sugestões
Identificar os membros da equipe no blog;
As fontes muitas vezes acabam sendo vagas quando citam por exemplo “Estado de São Paulo”, especificar melhor de onde o conteúdo foi retirado pra facilitar o acesso do leitor a noticia original.


Blog – Preconcentury

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)
Membros do grupo: Marcos A Duarte, André Silva, Vinicius, Marcelo, Tarsila Birais, Felipe AV, Felipe Aragusuke, Camila Nakamura, Trevis.
Total de posts no Blog: 32 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Todos os membros da equipe postam no blog.



2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes
Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Os diferentes tipos de preconceito são abordados pelo grupo;
Conceitos sobre o que é preconceito;
O grupo aborda de maneira muito clara várias tipos de preconceito e vários grupos que sofrem preconceitos.





Blog – Rivalidade no Futebol

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)
Membros do grupo: Ariana Pimentel, Gabriela Neves, Léo, Paulo Seravalli, Roger
Total de posts no Blog: 30 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Todos os membros da equipe postam no blog.


2Qualidade das pesquisas e das análises das fontes.
Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Rivalidade nos jogos;
Torcidas organizadas;
O blog tem matérias sobre as tão famosas rivalidades entre as torcidas de futebol, retratando muito bem o cárater de rivalidade existente;
Blog interativo e de fácil leitura.


3. Sugestões
Tentar entender através de entrevistas qual a motivação para as brigas entre as torcidas, tentar compreender o grau de importância do time na vida de um torcedor “fanático”.





Blog – Trânsito

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)
Membros do grupo: Danielle, Pedro, Maria Marta, Sayuri, Sah, Natália Monaco, Ricardo Cezar, Rodrigo
Total de posts no Blog: 29 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Todos os membros da equipe postam no blog.


2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes
Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Há especificações de fontes;
O grupo tenta relatar quais as melhores formas de transporte para se amenizar os grandes problemas de trânsito que uma cidade do porte da cidade de São Paulo sofre;
Relatam alguns índices, dentre eles de assaltos, congestionamentos etc;
Blog de bem fácil leitura.


Sugestões
- Tentar verificar se os meios utilizados pelo governo para se amenizar o trânsito estão sendo suficientes e efeicientes




Blog – UFABCultura

1. Exposição do processo de trabalho no blog (periodicidade e frequência de posts pelos membros do grupo)
Membros do grupo: Angélica Mine, Vanessa Morbidelli, Giovana, Alexandre Kulpel, Daniel Molina
Total de posts no Blog: 26 posts
Frequência de posts: A periodicidade de posts no blog é alta
Todos os membros da equipe postam no blog.


2. Qualidade das pesquisas e das análises das fontes
Várias fontes de pesquisa são citadas no blog;
Há especificações de fontes;
O grupo tenta focar nos tipos de cultura e da maneira em que elas podem ser abrodadas dentro de uma universidade;
Abrangem também alguns grupos culturais já existentes dentro da UFABC


3. Sugestões
- Promover os grupos culturais já existentes e ajudar a formar novos grupos culturais na Universidade Federal do ABC
.



domingo, 25 de abril de 2010

visita a aldeia Tenondê Porã

De acordo com a entrevista que fizemos com o coordenador das visitas a aldeia Tenondê Porã, a mesma possui cerca de 26 hectares para mais de 800 pessoas, com 110 casas de alvenaria que foram feitas a partir de uma parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), entretanto ainda é possível ver algumas casas feitas a partir de emaranhado de barro e madeira (pau a pique).

Nas terras da aldeia Tenondê Porã ainda há o Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI) para crianças de até 6 anos com monitores indígenas que apóiam sua cultura através de danças, cantos, lendas, artesanatos, historias, etc. e também há uma escola estadual para o estudo do 1º e 2º grau, sendo que do 1º ao 4º ano as crianças possuem professores indígenas e do 5º ano em diante com professores não indígenas (jurúas). Há um posto de saúde que funciona de segunda-feira a sexta-feira; segundo os próprios índios, os médicos respeitam a cultura deles, tanto que quando um índio adoece primeiramente é levado ao pajé (curandeiro da aldeia) e apenas se o mesmo permanecer doente é que ele é levado ao posto de saúde.

Com as escolas dentro da aldeia alguns índios passaram a almejar entrar na faculdade, mas os mais velhos dizem que eles não devem se esquecer de sua cultura e de onde vieram e, também, devem voltar à aldeia para que possam ajudar a comunidade.

Os órgãos governamentais como a Fundação Nacional dos Índios (FUNAI) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) não são tão presentes quanto se era esperado. Segundo Elísio, a FUNAI - pouco presente na aldeia - lida apenas com a demarcação de terras e com o sensu da aldeia, já a FUNASA - muito mais presente na aldeia - ajuda na medicação, na contratação de equipes tanto de médicos quanto de professores/monitores, no saneamento básico, na reforma das casas, na água encanada, na luz, etc. Apesar dessa modernização que chega à aldeia, os índios preservam a sua cultura há 500 anos desde a chamada “descoberta” do Brasil.

Atualmente, a aldeia tenta aumentar a área de seu território, mas eles estão encontrando problemas em relação a isso, pois, atualmente, há muitas chácaras ao redor da aldeia, sendo que há 20 anos elas não existiam. Talvez, ocorra a compra de um terreno para formar uma nova aldeia, mas isso é apenas uma possibilidade.

A aldeia mantém contato com outras aldeias através de trilhas feitas na mata, tanto que há uma trilha que os leva de Parelheiros a Itanhaém (baixada santista) e segundo os entrevistados, essa trilha é feita regularmente até com turistas com disposição para a caminhada de 6 horas.

De acordo com as observações feitas no decorrer do trabalho foi possível perceber que a aldeia Tenondê Porã preserva a sua cultura, adaptando-se a algumas coisas como a escola, a internet, o posto de saúde, etc.

Por Camila Miranda
(Revisado por Ana Torres)