domingo, 25 de abril de 2010

visita a aldeia Tenondê Porã

De acordo com a entrevista que fizemos com o coordenador das visitas a aldeia Tenondê Porã, a mesma possui cerca de 26 hectares para mais de 800 pessoas, com 110 casas de alvenaria que foram feitas a partir de uma parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), entretanto ainda é possível ver algumas casas feitas a partir de emaranhado de barro e madeira (pau a pique).

Nas terras da aldeia Tenondê Porã ainda há o Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI) para crianças de até 6 anos com monitores indígenas que apóiam sua cultura através de danças, cantos, lendas, artesanatos, historias, etc. e também há uma escola estadual para o estudo do 1º e 2º grau, sendo que do 1º ao 4º ano as crianças possuem professores indígenas e do 5º ano em diante com professores não indígenas (jurúas). Há um posto de saúde que funciona de segunda-feira a sexta-feira; segundo os próprios índios, os médicos respeitam a cultura deles, tanto que quando um índio adoece primeiramente é levado ao pajé (curandeiro da aldeia) e apenas se o mesmo permanecer doente é que ele é levado ao posto de saúde.

Com as escolas dentro da aldeia alguns índios passaram a almejar entrar na faculdade, mas os mais velhos dizem que eles não devem se esquecer de sua cultura e de onde vieram e, também, devem voltar à aldeia para que possam ajudar a comunidade.

Os órgãos governamentais como a Fundação Nacional dos Índios (FUNAI) e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) não são tão presentes quanto se era esperado. Segundo Elísio, a FUNAI - pouco presente na aldeia - lida apenas com a demarcação de terras e com o sensu da aldeia, já a FUNASA - muito mais presente na aldeia - ajuda na medicação, na contratação de equipes tanto de médicos quanto de professores/monitores, no saneamento básico, na reforma das casas, na água encanada, na luz, etc. Apesar dessa modernização que chega à aldeia, os índios preservam a sua cultura há 500 anos desde a chamada “descoberta” do Brasil.

Atualmente, a aldeia tenta aumentar a área de seu território, mas eles estão encontrando problemas em relação a isso, pois, atualmente, há muitas chácaras ao redor da aldeia, sendo que há 20 anos elas não existiam. Talvez, ocorra a compra de um terreno para formar uma nova aldeia, mas isso é apenas uma possibilidade.

A aldeia mantém contato com outras aldeias através de trilhas feitas na mata, tanto que há uma trilha que os leva de Parelheiros a Itanhaém (baixada santista) e segundo os entrevistados, essa trilha é feita regularmente até com turistas com disposição para a caminhada de 6 horas.

De acordo com as observações feitas no decorrer do trabalho foi possível perceber que a aldeia Tenondê Porã preserva a sua cultura, adaptando-se a algumas coisas como a escola, a internet, o posto de saúde, etc.

Por Camila Miranda
(Revisado por Ana Torres)

4 comentários:

  1. Na minha opinião, parece que eles tentam conciliar duas culturas - aderir à tecnologia, mas não querem perder seus hábitos e crenças mais tradicionais.

    ResponderExcluir
  2. Darei a minha opinião em relação ao que observei na aldeia Tenondê Porã.
    A globalização seria a imposição de algo como modelos econômicos ou culturais, mas no nosso caso irei especificar a imposição cultural. Durante a visita a aldeia não observei o processo de globalização, pois analisando a entrevista com o coordenador da visita e com o professor de educação física da aldeia, é possível perceber que eles mantem a cultura e de uma forma forte. Vi sim o processo de modernização da aldeia, por exemplo, água encanada, luz elétrica, internet, etc. Só posso afirmar que esse processo de modernização pode ser um passo para o processo de globalização, pois com a chegada da luz elétrica foi possível comprar televisões e como todos sabem a rede televisiva passa uma visão totalmente diferente e até estereotipada das coisas, assim, os índios podem passar a comprar a visão da rede televisiva deixando de lado a cultura deles. Concordo que com o processo de modernização da aldeia veio a construção de novas moradias de alvenaria, assim eles deixaram de fazer suas casas de pau a pique para morar em casas de alvenaria, dessa forma, eles deixam de lado uma parte da cultura milenar deles. Todavia, algumas casas como a casa de reza e de alguns moradores ainda são de pau a pique, acredito que a casa de reza permanecera sendo de pau a pique coberta com capim seco pois este é o local onde eles contam suas lendas. Portanto, nao vejo que a globalização ira impor uma outra cultura sobre a deles.

    ResponderExcluir
  3. Após a construção da represa Guarapiranga, foi obstruído o caminho usual de indígenas rumo ao litoral, representando uma interferência surpreendente para o povo. Os povos indígenas têm procurado oferecer resistência à globalização e não poupam esforços para preservar sua cultura. A aldeia Tenondê Porã sofreu modificações, que vão desde as moradias até a educação infantil, aulas que a partir do 5º ano são ministradas por professores não indígenas. Aparentemente há uma tentativa de conciliar interferências do “mundo” do homem não indígena com sua cultura.

    “Até 1984 aqui não tinha luz, a gente vivia no escuro. Quando chegava a noite a primeira coisa que a gente fazia era ir na casa de reza. Quando foi instalar energia elétrica, começou a comprar televisão. Com isso, mudou bastante. Mas as coisas materiais são as coisas materiais, e a parte espiritual é o essencial que tem prevalecido no Guarani.”[1], é parte do depoimento cedido a Valéria Macedo em 2006, por Timóteo Verá Popyguá, habitante da aldeia. O entrevistado reforça a intenção de preservar as crenças espirituais da população indígena, após revelar uma “porta” que foi aberta para a assimilação de diferentes valores.

    É válido constatar a presença de órgãos governamentais auxiliando a tribo, com itens considerados necessários pelos “juruá”, mas que se fazem necessários, levando em consideração o ambiente modificado que habitam, o terreno limitado, etc.. Por meio destes, procuram, por outro lado, acrescentar artigos culturais na educação dos mais jovens. Meios de comunicação como televisão e internet estão presentes, e alteram o cotidiano indígena e podem vir a causar interferências através destes, se tomarmos a globalização como hegemonia dos valores liberais .
    A questão modernização é presente na aldeia – há, por exemplo o uso de celulares, computadores e até mesmo práticas educacionais modernas. Há, entretanto, uma tentativa de conciliação da tecnologia inovadora com a mais tradicional cultura preservada até os dias de hoje.

    1) http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/narrativas-indigenas/depoimento-popygua

    ResponderExcluir
  4. Após a construção da represa Guarapiranga, foi obstruído o caminho usual de indígenas rumo ao litoral, representando uma interferência surpreendente para o povo. Os povos indígenas têm procurado oferecer resistência à globalização e não poupam esforços para preservar sua cultura. A aldeia Tenondê Porã sofreu modificações, que vão desde as moradias até a educação infantil, aulas que a partir do 5º ano são ministradas por professores não indígenas. Aparentemente há uma tentativa de conciliar interferências do “mundo” do homem não indígena com sua cultura.

    “Até 1984 aqui não tinha luz, a gente vivia no escuro. Quando chegava a noite a primeira coisa que a gente fazia era ir na casa de reza. Quando foi instalar energia elétrica, começou a comprar televisão. Com isso, mudou bastante. Mas as coisas materiais são as coisas materiais, e a parte espiritual é o essencial que tem prevalecido no Guarani.”[1], é parte do depoimento cedido a Valéria Macedo em 2006, por Timóteo Verá Popyguá, habitante da aldeia. O entrevistado reforça a intenção de preservar as crenças espirituais da população indígena, após revelar uma “porta” que foi aberta para a assimilação de diferentes valores.

    É válido constatar a presença de órgãos governamentais auxiliando a tribo, com itens considerados necessários pelos “juruá”, mas que se fazem necessários, levando em consideração o ambiente modificado que habitam, o terreno limitado, etc.. Por meio destes, procuram, por outro lado, acrescentar artigos culturais na educação dos mais jovens. Meios de comunicação como televisão e internet estão presentes, e alteram o cotidiano indígena e podem vir a causar interferências através destes, se tomarmos a globalização como hegemonia dos valores liberais .
    A questão modernização é presente na aldeia – há, por exemplo o uso de celulares, computadores e até mesmo práticas educacionais modernas. Há, entretanto, uma tentativa de conciliação da tecnologia inovadora com a mais tradicional cultura preservada até os dias de hoje.

    1) http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/narrativas-indigenas/depoimento-popygua

    ResponderExcluir